Educação
A educação é fundamental no crescimento da pessoa. A educação da criança surda é um direito, faz parte da sua condição como ser humano, e o dever de educar é uma exigência do ser humano adulto, do pai e do educador.
Para a criança surda, tal como para a criança ouvinte, o pleno desenvolvimento das suas capacidades linguísticas, emocionais e sociais é uma condição imprescindível para o seu desenvolvimento como pessoa.
Da mesma forma que a criança ouvinte adquire a língua oral também a criança surda aprende a língua gestual se a ela tiver acesso. O ensino da Língua Gestual Portuguesa, que deve ser o mais precoce possível, possibilita a comunicação e o desenvolvimento global da criança surda, potencializando as suas capacidades cognitivas.
Desde cedo a criança ouvinte tem a oportunidade de conviver com a língua utilizada pela família. O interlocutor adulto colabora para que a linguagem da criança flua, dando oportunidade a atitudes discursivas que favoreçam a aprendizagem e a identificação de aspectos importantes da língua na qual está a ser afundada, e que se irá apropriar ao longo do seu desenvolvimento.
As crianças surdas, em geral, não têm a possibilidade dessa aprendizagem, já que na maioria das vezes não têm acesso á língua utilizada pelos pais (ouvintes). O que acontece é que essas crianças permanecem no ambiente familiar apreendendo coisas do mundo e da linguagem de forma fragmentada e incompleta precisamente pela dificuldade de acesso à língua.
A questão fundamental da necessidade de um desenvolvimento satisfatório de linguagem para a constituição dos sujeitos é que surge a proposta da abordagem bilingue para a pessoa surda, que enfatiza a necessidade de que o surdo adquira o mais precocemente possível uma língua de forma plena, que é a Língua Gestual, considerada a língua natural dos surdos, e, como segunda língua, aquela utilizada pelos pais. A Língua Gestual pelas características que tem, é capaz de ser adquirida pela pessoa surda sem dificuldades adicionais, sem que sejam necessários programas que os ensinem, já que os surdos em contacto com outros surdos usuários de Língua Gestual procedem uma aquisição ampla e eficaz.
Nessa mesma perspectiva está baseada a proposta de educação bilingue, que procura contemplar o direito linguístico da pessoa surda de ter acesso aos conhecimentos sociais e culturais numa língua na qual tenha domínio. Além disso, aspectos culturais, sociais, metodológicos e curriculares inerentes à condição de surdez precisam de ser considerados numa proposta séria de ensino à comunidade surda.
O projecto de escolarização pressupõe que os educadores envolvidos tenham domínio das línguas envolvidas, a Língua Gestual e a língua usada pelos ouvintes (no 2º caso o Português), e do modo individual de funcionamento de cada uma delas nas suas diferentes modalidades. Este domínio é fundamental para possibilitar que o sujeito surdo tenha acesso aos conhecimentos do mundo e que possa trabalhá-los tanto na Língua Gestual como em Português, especialmente na sua modalidade escrita, modalidade dominante no meio académico, que permite e favorece o acesso a uma quantidade ilimitada de conhecimentos.
Informação adaptada do seguinte site